domingo, 17 de julho de 2011

Série Pesquisando Gênero: Depois das preliminares


No meu último ano de Ciências Sociais fui convidada pelo Professor Fabiano Gontijo a pesquisar com ele. Sua pesquisa é sobre Homoparentalidades e Homoafetividade e ainda está em andamento. Pra mim foi surpreendente porque sempre tinham me falado que só entrava em pesquisa aquelas pessoas que tinham uma certa bajulação para com os professores. Nós só tínhamos o contato de sala de aula e eu nutria por ele uma forte simpatia. Fato é que começamos a trabalhar juntos e não recebi nenhum texto pra ler. Eu fiz algumas entrevistas transcrevi algumas horas. Queria ter transcrito mais, mas quem já fez isso sabe a escravidão mental que é escutar cada palavra de um discurso de duas horas e anotar todas de modo a ser fiel aos detalhes. Qualquer coisa que eu falar não vai mostrar o esforço que é transcrever do jeito tradicional. O único programa que me ajudou foi o Word. Mas como tudo na minha vida, depois da tempestade veio a bonança. Aprendi muitas coisas. Muitas coisas.

Meses depois recebi livros que me ajudariam a me familiarizar com as pesquisas e maneira de pensar o gênero. Apresentei um painel num evento científico. Descobri nesse caminho a respeitar mais do que eu já respeitava as pessoas diferentes de mim porque aprendi a respeitar além dos meus valores. Quando você vê aquela situação e pensa “se eu tivesse nesse lugar eu faria assim e assado” é porque não respeita mais do que seus valores permitem, você acha que já tem a resposta pra vida do outro e pra sua. O que há pra aprender? Mas quando ouve uma pessoa contando sua história e pensa, sem perceber, a beleza daquela transição, daquele momento e vê a pessoa que fala como um personagem de algo maior... Aí sim, pra mim, é que vem o verdadeiro aprendizado.

Fiquei triste quando minha bolsa acabou porque eu gostava do dinheiro também. Mas tenho que confessar que me senti órfã do professor em quem eu confiava. Mas peguei os livros, montei sozinha um projeto e consegui ser orientanda dele de novo. Quero com isso ver cada vez mais beleza na vida das pessoas.

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