terça-feira, 8 de maio de 2012

Mães e filhos


Não quero lhe falar, meu grande amor, do machismo da sociedade em que vivemos  - e que já percebo que apresenta novas configurações. Quero lhe contar sobre o ser mulher e ter um filh@, através das experiências das garotas que conheço e do que aprendi com elas. Garotas mesmo, gente de uns vinte e poucos, poucos mesmo. 

Esse fim de semana recebi uns amigos em minha casa, entre eles uma menina que fez Ensino Fundamental e Médio comigo. Ela está linda de mamãe. Ganhou as formas femininas que ela sempre esperou, talvez mais do que esperava para seu porte magro. Mas ela e o namorido não puderam ficar. Eles tem um bebezinho de quatro meses que se assustava muito com o barulho das pessoas, além de estar morrendo de sono. Oito da noite é demais quando se tem alguns meses nesse mundo. Agradeci a ela quando saía para levar o bebê pra casa porque teve a ousadia de vir, mesmo se sentindo desconfortável. Percebi como a segurança e conforto do bebê era mais importante para ela. A menina que eu conheci teria começado a jogar vídeo game com a gente e seria uma das últimas a ir para casa. Mas ela agora é mamãe e é mais nova que eu.

Lembrei também das vezes em que saía com uma duas irmãs amigas nossas. Parecia maldade da nossa parte, porque uma delas tinha um bebê, hoje com quatro anos. Quando chegávamos lá por volta das dez uma vinha toda arrumada e a outra entrava em seu quarto, dizendo que não podia sair, pois seu filho estava gripado. E não ia. Claro, hoje ela tem mais liberdade, inclusive pelo fato de incluir seu filho nos passeios. 

Tenho uma vizinha que tem uma bebezinha de três anos. Ela me contava semana passada que não dá pra conciliar muito bem trabalho, estudo e filha, não, porque acha que a menininha ainda depende muito dela. E ela trabalha, estuda e é mãe! 

O que essas experiências me ensinam é a ser realista quanto à maternidade. Certa vez vi numa entrevista que as mulheres, no momento que descobrem uma gravidez, só pensam: faça tudo que fazia antes. Esse tudo que fazia antes são os trabalhos domésticos, estudos, passeios com moderação. Se é verdade, não sei. Mas aprendi que se eu puder, eu quero reservar tempo pra me privar das coisas em função de meus filh@s. Não quero que seja sofrido, mas vejo que é necessário. Como disse um amigo meu que vai ser pai agora, é um momento único na vida de duas pessoas. Como tal, sei que requer seus sacrifícios. 


Uma professora muito sábia disse para pararmos de achar que temos que deixar tudo em função da gravidez e do nascimento dos filh@s, que esse é um discurso midiático, já que ela mesma teve um filho no mestrado e outro no doutorado, sendo que já tinha um antes. É mãe de três e é uma intelectual muito frutífera. Esse é outro ponto interessante. Percebo que depois de terem seus nenéns, minhas amigas conseguiram dar um direcionamento diferenciado para sua vida. Parece tão óbvio, mas não é se você vê com seus próprios olhos a mudança na personalidade e nos planos a curto e longo prazo que as vi empreender, independentemente do pai da criança, a despeito do apoio recebido. Percebi que para todas elas existe ou existiu um plano separado do cara, como um seguro contra instabilidades e pra ser bem sincera elas tomaram a dianteira da educação dos meninos. Apenas no caso desse meu amigo que ainda vai ter seu filho notei uma interdependência grande entre marido e esposa, tanto financeira como emocionalmente. Por isso falei que não queria tratar de machismo e reafirmar que os filh@s são mesmo criados pelas mães... Isso não é lei. 

O fato de todas essas gestações que falei não terem sido planejadas diz muito sobre a guinada que significou na vida de cada uma, porque tiveram que lutar em uma época de insegurança no relacionamento, umas mais outras menos, algumas com briga em família ,insegurança financeira, sem casa própria (à exceção desses que ainda vão ter seu bebê), e  nem nada dessas coisas que dizem ser o certo.

Acho que filh@ muda tudo, não adianta querer o contrário e se frustrar. Não tem nada haver com ficar feia, desempregada ou abandonada. Minhas amigas são justo o oposto disso. Como disse, a vinda das crianças só aumentou sua vaidade e dedicação à uma carreira. Muda horário, muda planos, muda relacionamento, muda rotina, diversão... E independente de quando vier, eu quero filh@ justamente para mudar. Sempre quis. 

                        

Feliz Dia das Mães, meninas!

Nenhum comentário: