Gênero foi um assunto que pra mim caiu meio por sorte. A minha primeira pesquisa na Universidade era sobre mulheres e educação. Eu passei na seleção dos bolsistas meio sem saber o que significava. Cada aluno tinha que ser alocado em alguma pesquisa além de ajudar nos demais trabalhos do núcleo. A que eu fazia parte tinha mais ou menos a seguinte hipótese: Se é difícil para uma mulher se inserir no mercado de trabalho, pra uma negra era mais difícil ainda. Assim pela primeira vez eu fui mandada pra uma instituição entrevistar uma pessoa para saber se existia políticas de educação “racial”. Hoje existem especializações nessa área, mas em 2006 em Teresina não tinha. Não havia nenhuma política a esse respeito na prefeitura da cidade e periga ainda não ter, mas existe no Ensino superior. E não pense que pesquisas como a que eu fazia parte não influenciaram esse aparecimento.
Nunca mais entrei em contato com a minha orientadora. Mandei um email agradecendo. Ela era de São Luís e estava fazendo mestrado aqui. Não respondeu. De todo modo, restaram os livros e a experiência. Pela primeira vez também, me instruíram quanto a não ir pesquisar de decote nem de roupa curta. Pela primeira vez me fizeram voltar a um lugar onde eu já julgava ter visto tudo e encarar uma pessoa chateada com minha insistência. Disseram que pesquisa é isso mesmo. Eu me apaixonei.
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