segunda-feira, 25 de julho de 2011
A rejeição da tecnologia
Recentemente assisti a um programa em que vários profissionais discutiam a infância. Um dos temas eram os jogos eletrônicos. Alguns comentários me chamaram a atenção porque enquanto um neurologista apresentava o lado positivo de jogar, como a reabilitação motora etc, um deles, o especialista em sexualidade execrava os videogames como “algo que afasta a criança do convívio social”. Ele diz isso porque nunca viu dez crianças tentando jogar ao mesmo tempo no mesmo console. Fiquei arrancando os cabelos porque é uma clara demonstração de desconhecimento sobre a dinâmica do jogo. Do jogo em geral. Ainda bem que houve o bom senso do neurologista em dizer que tudo, quando bem dosado, pode ser positivo e que isso é acompanhado cientificamente. Claro que teve alguém para falar da relação entre violência e jogo, mas ainda bem que ela só disse que isso tem que ser melhor pensado.
Aquele que sabe jogar videogames tem espaço garantido entre aqueles que também jogam e mesmo entre os que não jogam, porque as habilidades são para muito além da tela e muitas são aprendidas longe dela. Duvido que ler um livro, que pode durar horas dependendo do hábito, é considerado “antissocial”. Ah, então o critério não é o tempo. Mas ler não é algo muitas das vezes solitário?
Ler muitas horas = estudioso
Jogar muitas horas = asilado, viciado
Não estou defendendo que estudar é pior, quem me conhece sabe que vivo pros meus estudos. Mas não posso deixar de ressaltar os valores que empregamos nas coisas, às vezes por mera rejeição. Lembrem que não acredito que alguém nesse mundo de 2011, salvo em caso de transtornos psicológicos, possa viver fora do contato com outros. Supervalorização do trabalho, dos amigos, das festas. Facebook, minha gente!
O computador é o bicho papão da galera ao redor dos 50. O celular também. Claro, há muitos velhinhos antenados e pessoas nessa faixa etária que trabalham e ensinam nas áreas de tecnologia, não é esse o foco. Acredito é que muitas pessoas desistem da ideia de mesmo tentar e se informar sobre utensílios que serão úteis e que eles mesmos compram. Muitos tem poder aquisitivo suficiente, compram celulares, computadores (sem falar em outros aparelhos recém lançados), mas deixam de ver todas as possibilidades do seu produto. São "consumidores dependentes", digamos assim, mas dependentes dos filhos ou do cônjuge, que julgam mais competentes por alguma razão desconhecida. As habilidades básicas de um computador, de um celular ou de um videogame são ler, apertar botões e pensar.
Quem sabe a televisão não deixe a sensação que é só sentar na frente dela e por isso todos se sintam à vontade? Só posso acreditar e confirmo cada dia mais que pessoas que fazem tarefas complexas no seu dia a dia, sejam elas gerenciar trabalhos domésticos, lidar com o trânsito, compreender teorias, são acometidas de um sério preconceito contra a tecnologia. Não menosprezo as dificuldades das pessoas, mas o seu "não se dar ao trabalho" sendo que querem aquelas tarefas executadas, como pagar uma conta pela internet. O “analfabeto virtual” não conhece classe social, sexo, cor... Talvez conheça idade. Mas conhece principalmente aquele famoso “Isso não é pra mim” e o pior “Faz aqui pra mim”.
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