
“Uma ferrovia é local ou global? Nem uma coisa nem outra. É local em cada ponto já que há sempre travessias, ferroviários, algumas vezes estações e máquinas para a venda automática de bilhetes. Mas também é global, uma vez que podemos transportar as pessoas de Madri a Berlim ou de Brest a Vladivostok. No entanto, não é universal o suficiente para poder transportar alguém a todos os lugares.”
Bruno Latour
Quando entrei na universidade em 2006, tínhamos que aprender a relativizar sob pena de “continuarmos” etnocêntricos. Ao terminar a graduação a coisa mudou um pouco. O etnocentrismo não é mais combatido. Mas o relativismo é criticado.
A relatividade era ensinada como o antídoto contra o preconceito em escala local e também como aquele preceito que teria “salvo a Terra” muitas vezes, caso tivesse sido praticado. Era a fórmula contra o eurocentrismo e contra o predomínio do homem civilizado pelo primitivo. O termo era premissa básica. Agora é atacado porque a ciência não foi bastante para fazer com que a relativização funcionasse para situações mais abrangentes como, por exemplo, a exterioridade do pesquisador em relação ao objeto de estudo. Que tiro no pé! O relativismo ficou relativo – esqueci quem disse isso, rs.
O etnocentrismo foi vulgarizado como uma irresponsabilidade intelectual, mas hoje se defende que ele é a cola que fez com que muitos grupos batessem o pé sobre o seu direito de existir. Se o termo não corresponde mais a uma atitude de rejeição extrema, segregatória aos costumes externos está na hora de começarmos a usar outro termo.
Sim, eu persigo os termos.
*Bruno Latour
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