
Quando me deparei pela primeira vez com os textos escolhidos para a prova escrita da seleção de mestrado em Antropologia da UFPI, me perguntei: o que cargas d’água esses textos têm em comum? Droga, eu ia ter que aprender cada um, nenhum era clássico – eu não conhecia de antemão – e ainda teria que citá-los. Mas vamos lá, é isso que os cientistas humanos fazem e eu estava me candidatando para tal. Bem, nem todos têm a mesma temática mesmo, mas, mergulhando em cada um, sempre anotava duas palavras quando fazia meus indispensáveis resumos: relativismo e desconstrução. Bom, desconstrução eu não anotava, mas percebia um desejo incessante dos pesquisadores de nos fazer questionar o que tinha levado os nossos estudos até ali. Ou o que tinha construído este estado de coisas. Em resumo: desconstruir as nossas noções e criticá-las para ver se servia mesmo a uma Antropologia responsável.
Incrivelmente, na etapa 1 da seleção o tema sorteado para a área a qual me inscrevi foi relativismo!
Fiz uma versão estendida do post passado, um apanhado geral das minhas anotações e uma correlação entre as duas palavras que tanto tinham marcado as minhas horas de biblioteca. Desconstruí o relativismo, se me é permitida a ganância. Parece que eles gostaram. Eu gostei ainda mais da aparente coincidência, que de aparente não tem nada, pois depois de dois meses carregando aquelas apostilas tudo fazia sentido, os textos “conversavam entre si”, como gostam de dizer os professores. E houve momentos em que eu disse pra mim mesma: “$&¨*$#%%$%, esses professores escolheram justamente o texto que comenta o que o outro texto comenta.”
E parece que o pessoal da minha turma, a tão saudosa galera de 2006, também gostou do tema, porque vi que amigos meus tinham sido aprovados na prova escrita. Pelos meus cálculos tem vaga pra todos que estudaram comigo e se inscreveu, mas a questão é que o pessoal colocava mesmo o nível das discussões lá em cima, o que significa que devo a eles também a “relativa” facilidade em encontrar pontos de convergência em temas que parecem aleatórios.
Agora, estou às voltas com a apresentação oral do meu projeto. Alguns pontos já se fazem positivos: eu sei exatamente porque estudo o tema da homossexualidade, porque estudo o tema da masculinidade e porque estudo o tema da família. Agora tenho que fazer uma das coisas que eu gosto de fazer: misturar tudo e encontrar uma coerência.
*Bruno Latour em "Nunca fomos modernos", usando a ironia típica dos ensaístas.
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