quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Run, Dai, Run



Eu queria fazer uma comparação que muitos vão achar infeliz.

Comparo a primeira vez que fui correr na margem do rio Poty ao dia que descobri que Crepúsculo, da Saga Twilight, existia. Como todo mundo sabe, uma primeira vez pode ser complicada,rs.

Vi aquela multidão digna de Harry Potter em frente ao cinema. Fiquei boba ao saber que era pra ver uma história de vampiros que tinham virado febre entre os adolescentes. Como assim? Como eu não tinha ficado sabendo que existia um livro que todas aquelas crianças tinham LIDO e já tinha sido adaptado pra cinema? A história que sofre o maior preconceito nerd que a humanidade já criara.
Se eu já conhecesse o Hélio, o melhor – e único – cunhado/amigo que tenho, ele diria que estou mesmo velha (ele tem 18 e eu tenho 22, mas corro pra me manter uma coroa enxuta).

Depois vi o filme em meio aos gritos e sussurros fora da lei das garotas, puta da vida por ter esquecido meus óculos. Uma míope sem óculos no cinema, só eu mesmo... E tinha uma louca, spoiler, narrando o filme na minha frente, gemendo e chorando naquele vale de lágrimas.

Quando saiu o segundo, no fim de 2009, comecei a namorar e pedi que meu Henrique fizesse um pequeno download, que ele usou como uma surpresa pra mim que estava desistindo de ver. Não tenho coragem de pedir a ele que pague uma entrada pra algo que ele considera ridículo, embora eu saiba que ele faria sorrindo por mim. Rindo literalmente, do filme.

Mas como eu disse, a comparação é infame.

Comparo a experiência de chegar em um lugar lotado, onde está sendo tudo normal pra todo mundo e eu não entender como não soube antes daquilo.
Aconteceu novamente na primeira vez que fomos correr na beira da avenida Raul Lopes, protegidos pela sorte, digo, por uns cones distribuídos por mais ou menos 1km.
A maioria das pessoas caminha pela calçada. Mas todo mundo diz “Vamos caminhar na Raul Lopes!?””Vamos correr na Raul Lopes?!”

Convidados por um amigo (Anderson) fomos correr (eu e meu fiel escudeiro, meu amor).

Pára tudo.
Sou um fiapo de gente. 43kg. 1,70m.

Bem, queria falar sobre meu condicionamento físico, mas só consigo pensar no músculo que eu malho por prazer: o cérebro (dedicaram muito tempo da vida pra me convencer de que sou cdf).

A prossição já existe há anos. Pessoas de todas as idades (vi um menino de 2 anos, no máximo, se alongando) vão atrás de virar “geração saúde”. As pessoas felizes, os corpos sarados, o vento, a poluição, a claridade, o Papai Noel sobrevoando de helicóptero, a polícia fazendo ronda...Vendo aquilo penso nos artigos científicos que poderiam ser escritos sobre o hábito de correr ali. Senti que é o lugar mais saudável que eu conheço atualmente.
Não por isso, mas os caras te olham querendo te levar pra moitinha ao lado, as mulheres te analisando... correndo e olhando no olho naqueles segundos de cruzamento, quer dizer, contato.

Pior é que eu queria entender o que essas pessoas pensam, porque vão pra lá (não é óbvio!), se se arrumam (é obvio!), se pensam em arrumar namorado, porque levam os cachorros e as crianças e porquê comem justamente abacaxi depois de correr...

Em pensar que sempre vi pessoas com roupa de ginástica andando por ali e nunca vivi realmente a emoção do medo de dar uma trombada em alguém correndo...

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