
O título do meu projeto de pesquisa passou por algumas modificações, especialmente porque nunca gostei de títulos longos. Meus textos sempre receberam um título meramente indicativo – não menos ousado por isso. O primeiro nome do meu projeto foi “Seja homem!” seguido de um subtítulo, assim que defini que ia mesmo estudar a masculinidade gay. Queria que fosse criativo e agora fico me perguntando se não teria ganhado mais com esse título, que indica muito do que quero falar: imposição do ser homem, do que importa pra valer a despeito do romantismo com que as crianças vêm sendo educadas (ainda bem que tal romantismo existe).
Resolvi colocar Masculinidade entre rapazes gays de Teresina porque resume, e isso é bom pra quem ainda não pagou MTPS (Métodos e Técnicas da Pesquisa Social) com a professora mais temida e competente possível, ao mesmo tempo o tema principal do trabalho, os sujeitos e o local da pesquisa a ser desempenhada. Estranho sobremaneira o fato de que eu me mantive no lugar seguro.
Como dito anteriormente, pesquisei gênero e família com o Professor Fabiano Gontijo no ano de 2009 e me pergunto como poderia ter terminado o curso sem desempenhar uma pesquisa. Foi aí que eu percebi que o tema que eu tratava tão intensamente com minhas amigas e amigos (alguns deles gays) – segundo as peculiaridades de cada uma ou cada um – poderia ser levantado de maneira científica. Isso porque as conclusões do nosso trabalho, nas entrevistas e depois na pesquisa bibliográfica, foi o mesmo: o amor se fazia indispensável na vida das pessoas. Outras e muitas são as conclusões que eu tirei conversando com gays na pesquisa de campo, mas a maior foi que eles não abriam mão, mesmo que os pais ameaçassem romper os laços, de ter uma família estável, duradoura, unida. E por mais redundante que pareça, sem abrir mão de nenhum destes adjetivos. Percebi que a vontade de continuar ao lado de seus pais, amigos dos irmãos, ser o netinho querido, o irmão mais velho cuidadoso eram talvez mais fortes do que o desejo de viver sua sexualidade inteiramente. Talvez por isso, e é só uma suposição, eles tenham disfarçado seus desejos, lutado contra, evitado o conflito. Talvez por isso mesmo estejam em idade adulta, independente financeiramente (alguns) e ainda morando com a família de origem.
Foi pensando nesse desejo intenso de ter um lar e nessa busca de harmonia que eu desenvolvi esse projeto. Este é um projeto romântico no final das contas. Pode falar de amor, pode falar de tristeza e a pesquisa decorrente dele, caso eu seja aprovada, pode perfeitamente ganhar um cunho poético. Percebo que dois anos escrevendo sobre a mesma coisa faz ganhar apresso. Acho que foi meu tema que me conquistou.
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