Pensando em gênero algumas “unanimidades” podem ser observadas. A maioria dos textos que eu li iniciavam fazendo um apanhado histórico sobre os estudos de gênero, continuavam apresentando suas considerações bibliográficas sobre o tema específico a ser estudado, seguindo pelas falas de alguns estudiosos.
Terminavam dizendo que mais estudos são necessários.
Notei, dentro dessa estrutura, algumas regularidades.
Esses autores que pesquisei são unânimes em dizer que as relações de gênero dependem diretamente das relações famíliares e mais, que estão em mudança.
Como disse um autor que não lembro o nome agora (pesquisei para colocá-lo no título), a história da família é a história da sua mudança. Por isso ficou difícil pra mim não repetir incessantemente esta palavra. Troquei por processos, por transformações e outros que, para mim no fundo, no fundo, não queriam dizer a mesma coisa.
Outra unanimidade entre os autores que li é que os homossexuais tentam ter ou aparentar uma relação mais igualitária, já que se trata de homem-homem, mulher-mulher.
Mas parece que sempre tem um mais apegado aos padrões que o outro, chegando mesmo a repetir os relacionamentos heterossexuais, quer dizer, vivenciar uma relação em que as diferenças sociais de sexo são parte constituinte da dinâmica da relação.
Achei muito interessante quando li, certa vez, que alguns gays demoram a se dar conta de que estão se relacionando com uma pessoa do MESMO sexo. Fiquei pensando a trapalhada que pode ser gerada.
Mais coincidências : aceitabilidade por que vem passando a homossexualidade.
De modo mais direto: as pessoas começam a esperar que parte da sociedade seja constituída por gays. E essa aceitabilidade também vem por meio da mídia, que inclui os filmes também.
Mas uma distinção eu observei: os filmes são estudados de modo crítico, sendo analisados em seus roteiros, mas as novelas são chicoteadas, mesmo que ambos mostrem opressão ou ridicularização dos gays.
O fato é que escrever de maneira original sempre se apresentou um desafio para mim, porque chamar a atenção das pessoas para aquilo que elas já vivem, que pra elas se tornou normal, requer que se imponha um elemento de estranhamento.
Que se imponha. Mas como fazer isso se os caminhos já parecem traçados?
Talvez tratando os caminhos como não traçados, o que é assunto pra muita discussão científica
*Guash, 2002
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