sexta-feira, 10 de julho de 2009
Braços Brancos
Existem pulos de adoração. Ao mesmo tempo em que eu torno única e integral uma pessoa, eu tenho algo de tempos em tempos. Eu pulo. E não precisa ser real ou prático o relacionamento. Assim, não precisa nem ser possível. Basta trazer os braços brancos. A maneira de me ganhar? Estenda seus braços brancos. Eu sou um elemento afetado pelo mundo que o outro encena.
Uma constatação é que braços brancos nunca faltaram. Independente da qualidade ou natureza da encenação. Nunca faltaram. Ainda que eu note vazios de braços brancos. Deixam desolação em alguns casos. Mas em todos os casos me deixam abraçada por um tempo ainda. Confortável no seu abraço bem escolhido pelo meu inconsciente, que eu arquivo, memorizo.
E o próximo está bem aí para me carregar. Sou carregada de um pelo outro. Se amor com amor se paga, ou se só se esquece um grande amor com outro, não sei. Eu me deixo carregar nos próximos braços brancos porque, com o tempo, vai ficando perigoso o antigo braço. Mesmo sabendo que nesse novo lugar será, também, perigoso. Mas o abrir de cortinas me fascina! As propostas são orgásmicas! E eu vou novamente àquele palco atuar e deixar me amarem de mentirinha. Engraçado, mas eles me acham extremamente adequada para isso. E fico me perguntando até que ponto é mentira. Agora. Porque na hora eu fecho os olhos e me sinto com todos os direitos - que gosto de não precisar usar.
Na verdade, eu gosto de ser a fêmea. Tive minha fase de crítica feminista. Mas nunca fui radical. Justamente por isso. Nada como o prazer de ser espectadora de um homem, que ao terminar de resolver seus problemas diga: “Vamos, Dai.” E me puxe pela mão.Em outra época eu não me importaria em ser dama de companhia. Em um época que eu não soubesse o real significado disso.
Fato é que me atrai a situação de casal. A situação de pertencimento. Mas os braços brancos têm que expressar esse poder. Fazer-me pertencer. Brancos braços que bradem e que sejam brandos. Que sejam da rua e da frente. Que sejam puxadores de opinião.
Nem sempre a relação existe mesmo. Apenas as atitudes. Em alguns momentos chega a ser bizarro pensar nas vias de fato. Por isso eu pulo. Chega o momento em que o poder deles expira. Ou é expirado.
Cada par de braços brancos é tão diferente que não há medo de ver o pertencimento acabar e os próximos não serão menos lindos, menos brancos ou quentes. Sei que ainda estarão tão límpidos como quando me puxavam para perto. Ou para cima.
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