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Sobre os protestos a respeito das touradas espanholas pelos franceses, lembrei de um tema. Recebi um email lindo de um amigo que começou Ciências Sociais comigo. Falava a respeito de uma moça africana que tinha conhecido na nova universidade. Intitulou o email de “Os cegos do outro lado”.
Na minha turma de Ciências Sociais (UFPE), tem uma africana ( Guiné-Bissau), alguns dias depois, vou eu, conversar com a guineana sobre seu país, fico mais chocado em saber que lá não tem universidade pública na área de humanas, e que alias a primeira universidade pública é inaugurada depois de 2000, e opera em uma situação lastimável. Também soube que o procedimento de mutilação feminina foi proibido no país, com isso o número de mulheres que morrem aumentou, já que continuam fazendo clandestinamente, em suas próprias casas, com facas, vidro, ou pedaços de metal. Há também a pratica coletiva, várias crianças são circuncidadas juntas. Me pareceu óbvio que pra ela era um verdadeira bênção está no Brasil, mesmo assim, a pergunta inicial deveria ser feita, pra que o conjunto de outras prosseguisse: "Quando terminar o curso você vai ter que voltar pra África?", ela, "sim", eu continuo, "você gostaria de ficar no Brasil?", "não", depois dessa resposta o conjunto de outras perguntas que já se encontravam formuladas se perderam.
Lembrei que tinha tido aula recentemente sobre o mesmo tema: concepções. E conscepções a respeito de “mutilação”. Dei a seguinte resposta. O mesmo vale para a imagem acima.
Detalhes à parte, realmente entramos na questão: devem-se costurar de cima a baixo os grandes lábios de uma garota - já que as formas são muitas -, com a justificativa de que isso é cultural? (...)
Na semana em que o papa condena o uso da camisinha, lembrando que aprova a união sacramental entre homens e mulheres e não apenas isso, afirma que é indispensável para a paz mundial, porque ele não condena também o uso da faca de açougue e apóia apenas o do bisturi ou caco de vidro ou seja lá o que se usa? Fato é que dessa vez, apenas dessa, eu observo principalmente o lado biológico ao invés do cultural. Também por ser mulher, mas mais por achar hipocrisia governos darem camisinhas e anticoncepcionais e não interferirem nessa questão, que fica contrabalanceando, negativamente claro, as resoluções para os diversos problemas sociais. Fazem campanhas contra contrabando de pessoas, contrabando de pedras preciosas, mutilação por anos de guerra... Mas por que arrancar clitóris é apenas cultural e não devemos nos meter? Devemos respeitar como se respeita a culinária local? Aborto clandestino é recriminável, mas cortar clitóris é cultural? As organizações devem gastar milhões estudando cura da AIDS, do câncer, etc, etc. Falam aos pais para tratarem sobre assuntos sexuais com "naturalidade", mas porque não arrancam pênis? O ponto é esse: saúde pública.
Lembro o que a professora Júnia Napoleão falava sobre estética: “Você pensa que colocar um osso no nariz dói? A dor é o menor dos problemas. É um imperativo social.”
Façam-se as analogias. Protesto é lindo. Mas me deixa perplexa.
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