domingo, 20 de março de 2011

Sobre menstruar – finalizando


Quando, no ano passado, eu ensinava reforço escolar para crianças, meu ex-aluno de dez anos me perguntou o que era TPM. Eu expliquei sobre a necessidade de criar uma espécie de “cápsula” para um possível bebê. Disse também que tudo que eu estava falando era parte da explicação do que era TPM, antes que ele ficasse impaciente ou pensasse que eu não queria responder. Disse todo o básico, usando os termos corretos e não infantilizei a coisa, desde o sangramento até a TPM.

Acredito que é assim que se deve tratar as crianças, como seres capazes de entender funções simples, que já fazem parte de seu cotidiano. E falei inclusive tudo em frente a sua irmã mais nova, de oito anos, que com certeza tem suas curiosidades e acho que ela entendeu aquilo que lhe pareceu acessível. Mas qual não foi a minha surpresa quando ele disse que então é por isso que sua mãe chorava ao telefone todos os meses falando com suas irmãs. Acredito que ele já tinha algumas respostas e eu simplesmente tornei a coisa mais nítida, porque ele veio depois com uma explicação sobre diferenças hormonais entre homens e mulheres. Salvo as devidas proporções, o pensamento dele tinha muito sentido. Ele falava sobre as mudanças na mulher durante o mês e acreditava que os homens tinham menos variação, por isso elas sofriam. Dez anos de idade. Menino.

Algumas mulheres gostam de absorvente interno, que consideram discreto e seguro. Eu nunca usei porque o absorvente convencional sempre me pareceu suficiente, principalmente os com abas.

Falando em segurança, vou tentar dizer algo sobre o absorvente vazar. É aflitivo. As mulheres são ensinadas a disfarçar sua menstruação então deixar aparecer é motivo de vergonha por descuido. Particularmente, fico com a sensação de falta de higiene. Aquela “almofadinha” não consegue mais suportar tanto líquido em um dos lados ou nela toda. Então escorre. O absorvente fica pesado e algumas vezes pode-se sentir isso entre as pernas. Geralmente, quando desce, sentimos gelar o local onde o líquido encosta. O que não é líquido é mais fácil de segurar porque ele fica no mesmo lugar que caiu, ou seja, não escoa. Como controlar? Tem gente que troca de cinco em cinco minutos. Cada uma já conhece mais ou menos o seu corpo e o que sai dele, e assim vai frequentando o banheiro para checar. Isso de acordo também com o dia em que estão no seu ciclo. O primeiro dia tende a ser mais preocupante. Lembrando que primeiro dia é aquele em que vem com força total e mais avermelhado. No dia anterior podem sair algumas gotinhas, mas não é comum achar que já se está menstruada.

Conversei com duas amigas e percebi que elas notaram diferença na textura da menstruação depois que começaram a usar pílula. Elas notaram que os dias da menstruação ficaram mais reduzidos e o fluxo mais grosso e mais intenso. Uma delas está usando para combater a cólica menstrual, mas as vezes demora para que o organismo entenda o que você está querendo dizer e nela não está fazendo muito efeito.

O que acontece é que os hormônios do anticonscepcional reduzem os dias da menstruação fazendo com que a mulher perca menos ferro e, de quebra, ainda diminuem as espinhas e cravos de algumas. O uso prolongado pode reduzir a incidência de cânceres comuns em mulheres. Mas isto não é um manual. É apenas para falar que essas coisas existem e diminuir esse véu que se faz sobre a intimidade feminina. Olha aí, intimidade é subjetivo, sendo que isso é tão fisiológico como digerir os alimentos.

A contradição é que as sociedades encontraram uma forma quase perfeita de fazer com que esses dias que parecem de suplício (ou de alívio para quem não quer estar grávida), recheados de folclore, chamando tudo de normal.

Falarei mais da TPM no futuro, coisa que é muito complexa e inquietante.

NOTA: Anderson, também acho que um chute nos ovos deve ser ruim. Mas não tenho muita experiência no assunto...rs.

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